Recentemente, Barack Obama comentou que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional pode ser, em certos momentos, um mito. Principalmente para quem busca mais do que uma sobrevida no trabalho; mas sim, para quem busca excelência.
A fala repercutiu porque toca num dilema bastante comum: até que ponto o sacrifício da vida pessoal é um preço justo pelo crescimento profissional?
Há fases que exigem mais de nós. Projetos grandiosos, transições de carreira, e empreender no contraturno são alguns exemplos. Nesses períodos, é natural que o trabalho ocupe mais espaço. O problema começa quando essa entrega se torna permanente, quando o desequilíbrio deixa de ser exceção e passa a definir o modo de viver.
Obama contou que, durante sua campanha presidencial, o ritmo intenso cobrou um preço alto dele e de sua família. Até que, ele percebeu que precisava restabelecer limites, “reorganizar a casa” criando pequenas rotinas de tempo de qualidade como o hábito de jantar com as filhas todas as noites, mesmo que voltasse a trabalhar depois.
Essa pode ser uma reflexão bastante delicada para alguns profissionais, em especial para os que enfrentam um período desafiador. Lidar com o tema que representa a promessa de um futuro confortável (uma carreira sólida) e, ao mesmo tempo, afastar-se temporariamente das pessoas com quem muitas vezes sonhamos em viver esses dias, pode ser uma dicotomia dolorosa.
Sacrificar parte da vida pessoal pode ser inevitável em certos momentos, mas é essencial que esse esforço venha acompanhado de consciência, de pausas e de retomadas.
Crescer profissionalmente é valioso, mas crescer esvaziado de vida não é sustentável, e a cobrança sempre vem. Possivelmente, o equilíbrio esteja em não se cobrar excessivamente por equilíbrio. Mas sim, buscar, dentro do possível, organizar momentos em que haja espaço para se dedicar a cada uma dessas áreas.